ENTREVISTA EXCLUSIVA com a editora Shockdom Brasil
Ontem publiquei este post sobre a Shockdom e como eu estou empolgado com a chegada deles ao Brasil. Hoje recebi as respostas da Nathália Bariani, responsável pela comunicação da editora no Brasil, para as perguntas que enviei a eles. Portanto, aqui está a entrevista completa, onde você vai descobrir novas e boas informações sobre o que vem por aí.
Obrigado, Nathalia, pelas respostas.
Caro leitor, aproveite a entrevista ;)
1- Acompanho a atuação da Shockdom na Itália há um tempo e sei que o estilo de fumetti que vocês publicam por lá é bem diferente dos da Bonelli, com os quais o público brasileiro já tem contato. Poderia contar aos nossos leitores, qual é a abordagem editorial de vocês?
O que a Shockdom faz é único, porque nossa linha editorial é abrangente. Assinamos coleções diferentes, que vão do humor ao universo dos super heróis: cada uma delas valoriza o talento dos autores e as características que fazem com que eles sejam únicos. Por exemplo: ao mesmo tempo em que publicamos os quadrinhos do Sio - que é um fenômeno das HQs infanto-juvenis na Itália -, nosso catálogo conta com os trabalhos dos irmãos Giulio e Marco Rincione, dois grandes nomes do novo quadrinho italiano, que trabalham temáticas muito diferentes e com certeza mais pesadas. O ponto de convergência é que eles, assim como todos os nossos outros autores, tem muito talento e um estilo único. É isso que nós valorizamos: o talento, e esse estilo pessoal, reconhecível, que não seja padronizado e homologado.
2- Assim como na Itália, aqui também há uma forte produção independente e de webcomics. Percebo a chegada da Shockdom como uma potencial oportunidade para muitos autores (eu inclusive), como vocês pretendem se relacionar com esses autores? Vocês pretendem abordá-los ou estão abertos a receber proposta para publicações?
É interessante você tocar nesse ponto, porque a Shockdom começou focada exatamente nas webcomics. Fomos pioneiros na Itália no investimento nesse setor, obtendo grandes resultados e nos tornando uma referência para todo o país. O Brasil é muito grande e tem muitos talentos, muitos deles ainda não devidamente descobertos ou reconhecidos, e nós com certeza iremos explorar isso. Existe um processo de scouting onde nós procuramos esses autores - inclusive, já estamos conversando com alguns para o ano que vem -, mas estamos sempre abertos a receber propostas. Em breve, iremos publicar todas as diretrizes do que procuramos num projeto, e qualquer autor que tiver interesse poderá nos enviar as próprias propostas para avaliação - assim como fazemos na Itália.
3- Na Itália vocês possuem uma forte atuação na publicação de web comics, como essa área será trabalhada por vocês no Brasil?
Hoje a web e o impresso estão em contato constante, é difícil dissociar as duas coisas quando falamos de quadrinhos. O digital é parte do nosso DNA, porque ele faz parte de todos os processos da editora: do scouting aos grupos de trabalho que se espalham por toda a Itália e, agora, pelo Brasil. Continuamos valorizando e observando a produção autoral e independente, que muitas vezes começa na web, e nesse momento estamos explorando outras fronteiras digitais. Esse ano lançamos o TIMED, um projeto multimídia da Shockdom que envolve uma coleção de quadrinhos e um jogo de realidade aumentada, e temos outros projetos para os próximos anos.
4- Ao que parece, vocês pretendem ser uma ponte entre a produção autoral brasileira e italiana, correto?
Com certeza. Da mesma forma que estamos trazendo ao mercado brasileiro os quadrinhos dessa nova geração de talentos italianos, pretendemos levar o trabalho dos nossos autores brasileiros à Europa. Existe muito conteúdo de qualidade sendo produzido no Brasil, não tem motivo para não explorar isso no exterior.
5- Quais serão as primeiras publicações de vocês por aqui e como os leitores podem adquiri-las?
Esse ano publicaremos seis livros. Três deles já estão em pré-venda no nosso site: Razão vs Emoção, de Guilherme Bandeira; Bom dia e Tal, de Gabriel Lage; e Rio 2031, de Giuseppe Andreozzi e Gabriel Picolo. Além deles, publicaremos Rindo, mas não deveria, do Gillian Rosa; e os italianos Vidas de Papel, dos irmãos Marco e Giulio Rincione; e O Canto das Ondas, com texto de Marco Rincione e ilustrações Jessica Cioffi.
Todos os livros estarão disponíveis no site e no nosso estande na CCXP. Depois dos lançamentos oficiais, eles também poderão ser encontrados nas livrarias em todo o país. Em breve anunciaremos os eventos de lançamento de cada livro.
6- Gostaria de acrescentar alguma coisa que julgue interessante e não lhe foi questionada?
Vou aproveitar pra te falar um pouco melhor do TIMED, o projeto que citei anteriormente. Particularmente, esse é um dos meus projetos preferidos, porque existe uma ligação muito interessante entre plataformas diferentes. Ele envolve o lançamento de um game de realidade aumentada e uma coleção de quadrinhos que se passam no mesmo universo: um futuro próximo, onde as habilidades de alguns seres humanos ganharam proporções de superpoderes - hipervelocidade, mutação do próprio corpo, visão infravermelha, etc. O contra desses superpoderes é que a potência deles é inversamente proporcional ao tempo de vida desses seres humanos - chamados TIMEDS-, quase como se esses últimos fossem consumidos pelas suas próprias forças; assim, quando o superpoder acaba, o ser humano morre. Ainda nesse futuro, alguns conglomerados de multinacionais resolveram implementar uma nova modalidade de nação, os Estados Difusos. Criaram, assim, dois novos Estados: TheNation e NewState. As grandes metrópoles do mundo, como Milão, Rio, Estocolmo, etc, se separaram de seus países originais e se uniram a uma dessas duas nações, que embarcaram numa nova guerra fria pelo controle econômico e político do mundo. As armas desse novo conflito são os TIMEDS.
A coleção de quadrinhos desse universo será escrita desenhada por autores internacionais. Todos os livros são auto-conclusivos, mas permanecem ligados entre si por detalhes sutis desse universo. Os 3 primeiros volumes da coleção de quadrinhos serão publicados ainda este ano no Brasil, e são os livros Rio 2031, O Canto das Ondas e Vidas de Papel.
Entrevista conduzida por:
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